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sábado, 14 de julho de 2007

Rosa

...E naquele dia ela sabia que algo de ruim iria lhe acontecer...
Rosa era uma mulher de armas. Não admitia que ninguém lhe fizesse mal aos seus filhos, nem mesmo o pai deles e por isso tinha se separado tão cedo.
Recomeçou a sua vida com muito esforço e sozinha. Passou por imensas dificuldades, mas nunca desistiu de tentar fazer feliz os seus filhos.
Passou algum tempo para recuperar o seu amor próprio e o querer estar com alguém que fizesse ela uma mulher realizada. Encontrou um homem, um pouco mais jovem, mais muito envolvente. Namoraram, se amaram e fizeram promessas uma para o outro. Rosa confiou todo o seu amor à ele.
Mas ele tinha um problema. Odiava a mãe dele e achava que todas as mulheres eram como prostitutas e não tardou nada, começou a maltratá-la.
Na primeira vez que ele lhe bateu, pediu-lhe desculpas e disse que nunca mais iria fazer o mesmo.
Na segunda vez, ela chorou muito, mas não ficou com marcas.
Na terceira vez, disse que o abandonava e que nunca mais voltava. Ele chorou e a abraçou prometendo de novo que isso não ia mais acontecer.
E a cada vez que isto acontecia, ele a tomava nos seus braços selvagemente e faziam amor como nunca!!
Rosa, continuava confusa, mas nunca havia conseguido se livrar deste amor doentio. Cada vez que apanhava, tinha em seguida a melhor noite da sua vida.
Mas um dia, ele bateu nela e saiu de casa. Quando voltou, ela já não estava lá. Foi embora e levou as roupas e os filhos.
Ele não quis acreditar no que estava a acontecer, ela desapareceu completamente da vida dele... Até que a encontrou, vivendo na mesma cidade e sozinha. Prometeu tudo, mas lhe pediu dinheiro para pagar umas coisas que ele tinha em atraso. Ela deu-lhe o dinheiro e pediu que ele desaparecesse da vida dela. Ele não aceitou e pediu que ela fosse até a sua casa para conversarem melhor...
Assim que entrou e fechou a porta, ele tentou violá-la, bateu-lhe uma vez mais e disse que isto era para que ela nunca esquecesse que eles foram feitos um para o outro.
Mais uma vez ela saiu a chorar e disse que nunca mais queria vê-lo...

(Quem é o doente???)

terça-feira, 10 de julho de 2007

Quando o destino apela...

«E aí Cacá, vamos sair? Vamos até a praia ver o mar, dar um mergulho...»
«Hoje não... Não sei por que estou com um presentimento e acho que não devo sair de casa»
«Presentimento? Positivo ou negativo?»
«Incrívelmente negativo... E acho que não devo sair de casa»
«Eu cá, estou com presentimento que você está entregando a sua vida de mão beijada. Tens que viver cada momento como se fosse o último. E no seu lugar, trocava de roupa, agarrava em uma toalha de banho, punha uns chinelos e íamos já para a praia!!»
«Não deveria ser boa companhia. Hoje estou mesmo com consciência de que tenho que ficar em casa. Acho que alguma coisa pode me acontecer e assim prefiro não sair hoje...»
«'Tá bem, faça como quiser. Eu vou indo, por que ao contrário do seu presentimento, eu estou cheio de pressa...»
Enquanto Cacá via o seu amigo atravessar a rua, notou que ele olhava para cima com as duas mãos na cabeça... então ele também olhou de repente para o céu e sem se dar conta do que aconteceu, um avião caiu em cima da sua casa.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Carolina e Artur

...Até que um dia, Carolina não queria mais estar em casa a dar trabalho ao Artur e aos seus filhos. Estava, dia após dia a se sentir culpada, por todos os desconfortos que causava à sua família pelo facto de não conseguir andar. Lembrava que nunca pôde correr com seus filhos pelo parque ou nadar na praia ao lado deles, e que nem ao menos aprendeu a conduzir. E por isto, pediu a Artur que verificasse se não havia nenhuma escola de condução para deficientes que a pudesse ajudar, e que por favor, procurasse um carro que fosse adaptado para o estado físico que ela se encontrava.
Artur ficou muito contente com a demonstração de interesse que a Carolina estava sentindo em relação à sua família, e não demorou muito em sair para procurar informações em todas as auto-escolas que estavam ao seu alcance próximo a sua morada, para que fosse fácil a ida de Carolina até lá.
Saiu ele de sua casa uma manhã em que inexplicavelmente fazia frio e chovia. Apesar de estarem no Verão, o dia amanheceu cinzento e a ameaça de chuva terminou por se concretizar.
Artur estacionou o carro na posição mais viável para sair correndo sem se molhar demasiado e atravessou a rua quase sem olhar para os lados, pois tinha certeza que não viria ninguém por aquela via... Mas veio um carro pela contra mão e mesmo tentando fazer uma travagem, o piso molhado não o deixou parar, apanhando Artur em cheio pelas pernas.
Artur não desmaiou, nem sentiu dores. Apenas parecia que, de olhos abertos, via como um filme todos os sentimentos que passou pela cabeça de sua amada esposa no dia do acidente que a deixou sem as pernas... E só o que lhe passava pela mente era o que seria do seu futuro dali para frente... como ela também havia pensado.
Artur não teve a presença de Carolina como ela teve à ele naquele dia, mas a tinha no pensamento, e de uma maneira tão forte que mesmo em casa, Carolina em sua cadeira de rodas, foi até o telefone e ligou para ele.
«Artur, estás bem? Não sei porque tive uma sensação ruim, meu amor... Estive pensando na minha idéia de conduzir e me tornar menos dependente de vocês, e sinceramente, acho que já não me importo... Se vocês nunca se queixaram, penso que é um preciosismo da minha parte. E na verdade o que eu mais quero, é que você esteja sempre ao meu lado Artur!... Eu te amo muito!»
Carolina não sabia o que lhe tinha acontecido, mas Artur já estava no Hospital e já sabia que não mais poderia andar. Tinha ficado paraplégico com o embate e teria que estar também em cadeira de rodas para o resto da sua vida...
Mas felizmente... Ao lado da sua Carolina!