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quarta-feira, 30 de maio de 2007

Rita e Sofia (1)

- Acho que estou apaixonada, disse Rita para sua melhor amiga Sofia.
- Tens a certeza? Ainda outro dia também estavas e já te desiludistes, lembrou Sofia.
- Mas da outra vez eu estava só encantada com a beleza. Este não é muito bonito, mas é interessante, disse Rita.
- Como é que sabe que este rapaz é mais interessante?
- Por incrível que pareça, ele me pagou um café, pediu o meu endereço de internet e ainda por cima perguntou o que eu ia fazer neste fim de semana. Pareceu-me que tinha se afeiçoado de mim.
- Hum... Pode ser..., disse Sofia baixando a cabeça.

Sofia não tinha tido grandes casos amorosos e neste momento estava sozinha e ao ver a sua melhor amiga apaixonada, temeu que ela passasse pelo mesmo que ela.

- Amiga, só lhe peço que vá com calma. Não se entregue de braços abertos a este rapaz. Vá verificando as qualidades que ele tem e que lhe agrada e não esqueça de sentir profundamente os pontos negativos que ele tiver e que lhe desagrada. Tenho medo que você sofra como eu sofri com os amores que tive na minha vida, acrescentou Sofia.
- Eu te entendo Sofia. Mas se eu não arriscar de vez em quando, posso ficar sozinha o resto da minha vida. O preço do "meu" valor é alto, mas de vez em quando tenho que me valorizar um pouco distraidamente para ver se conheço alguém interessante. Depois, é uma questão de relacionamento e troca de amor. Também já tenho idade para escolher bem o meu parceiro, mas não me importo de passar por alguns perigos para não estar completamente sozinha.
- Ainda bem que pensa assim amiga. Eu sinceramente não estou disposta a sofrer outra vez... não agora que ainda sinto o meu coração apertar, disse Sofia.
- Sabe de uma coisa Rita? Eu também pensava assim, mas prefiro passar por umas novidades... sei lá, que me faça pulsar a vida, do que não deixar que nada aconteça. Não sei se estarei viva por muito tempo e não me sinto à vontade em escolher este ou aquele para namorar... queria casar, mas não encontro nehum homem disponível.
- Não sei... vou tentar pensar como você amiga. Apesar de saber que "antes só que mal acompanhado", também sinto que a solidão é o princípio de um mergulho.

domingo, 27 de maio de 2007

Simples aceitação

(Ontem trabalhei até tarde, e minha mente estava tão cansada que a história que fiz, não me agradou na totalidade. Hoje pela manhã reli. E não gostei do seu conteúdo em algumas partes. Deixo apenas o título da mesma e a promessa de ainda voltar aqui para reconstruí-la. De qualquer forma, para não me esquecer do final, também deixo a última frase...)

«Tenho sorte de gostar de mim como eu sou!»

sábado, 26 de maio de 2007

Um dia na vida de Eugénia (1)

Naquela tarde Eugénia terminou de tomar o seu café da manhã de pé com o copo na mão em frente à janela da cozinha. Olhava lá para baixo e via as pessoas correrem para seus trabalhos, possívelmente ou passavam em velocidade nos seus carros de um lado para o outro. Ela não se mexia, nem mexia os olhos. Ficou fixa em um ponto da estrada e por uns segundos não pensou em nada, não formulou nenhuma opinião, nem pensou em ninguém. Apenas estava ali, como morta, parada no tempo.
Lentamente foi baixando a mão e o copo vazio do café com leite. Olhou para o chão e virou-se para dentro sentando na cadeira de onde havia levantado. Estava triste. Profundamente triste.
Tentou lembrar em momentos bons de sua infância ou adolescência, mas não conseguiu. Tentou lembrar de coisas boas que lhe tinham acontecido naquela semana, e mais uma vez a sua consciência não ajudava... Levantou-se.
Concluiu que estava a entrar em estado de depressão. Tomou um banho quente e depois abriu de repente a água fria. Queria tentar assustar o seu espírito para ver se ele acordava e o máximo que sentiu foi um arrepio de cortar a respiração.
Enxugou-se e foi até o quarto. Vestiu uma roupa confortável enquanto se olhava ao espelho. Achava-se velha. Inútil. Tinha amigos que não tinha vontade de procurar e seu trabalho não lhe satisfazia. Estava literalmente em depressão. Tomou um comprimido para tentar ajudar a recuperar algum ânimo e esperou deitada no sofá.
Adormeceu agarrada a uma das almofadas vermelha e sonhou que chorava em cima de um coração. Um coração grande que não batia, e ela era responsável por isso. Sentiu que era a única pessoa que estava no sonho e queria salvar o coração.
Gritava por socorro e ninguém a ouvia. Começou a bater no coração com toda a força que tinha ao mesmo tempo que dizia «Não morra, não morra, não morra...»
Acordou de repente e viu que tinha rasgado a almofada.
E dentro dela consegui ver um papel que saíra para fora... Parecia uma mensagem escrita em letras grandes...
«EU TE AMO, MAIS DO QUE IMAGINAS» e em letras pequenas, continuava:
«Escrevi e costurei dentro de todas as almofadas desta sala, pois não sabia quando irias rasgar ao ter um acesso de raiva por não aceitar que eu trabalhe tão tarde fazendo turnos até o amanhecer, mas o amor não escolhe horas e é de manhã que minha ansiedade cresce, porque vou encontrar você...»
Eugénia chorou de alegria agarrada ao papel e a todas as almofadas que havia. E esperou por Manuel com alegria.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O Segredo de Maria

Maria nunca havia tido um caso amoroso. Já tinha 20 anos e não sabia o que era amar alguém. Nunca havia beijado na boca e ainda era virgem. Mas uma coisa ela sabia perfeitamente. O seu coração parecia saltar dentro dela sem encontrar lugar para fugir quando via a Amelinha sair da sua sala de aula. Ela era tão bonita... Tinha uns cabelos longos e dourados que mais parecia um anjo. Seus olhos eram castanhos e fartos como uma árvore frondosa. Tinha as mãos delicadas e quando gesticulava parecia que orientava uma orquestra suavemente.

Maria não sabia porque ao ver Amelinha ficava tão emocionada. Não fazia idéia do que se passava em seu coração. Um dia, quando viu Amelinha no páteo a beijar um colega da Escola, sentiu uma repulsa tão grande do que estava a ver, que pensou que o que lhe tinha dado asco era o facto de ter visto uma boca colada na outra, mas na verdade...

Maria sentiu ciúmes de Amelinha. Sentiu desejo por estar no lugar do rapaz que a beijava. Sentiu vergonha por ter tido um sentimento tão contrário ao que se esperava na sua condição feminina.

Apertou os livros contra o peito e saiu correndo dali, sem que ninguém notasse o que se passava. Maria chorava no banheiro. Sozinha e sem explicações. Chorava e se perguntava o que estava a acontecer com ela. E a resposta veio quando enxugou a última lágrima que lhe caia dos olhos após aqueles minutos de prantos:

Maria descobriu que estava apaixonada por uma outra mulher!

Saiu do banheiro e pensou em ir directo para casa sem comparecer à sala de aula. Tinha que pensar melhor sobre o que lhe estava a passar, quando deu um encontrão com alguém que entrava a correr no mesmo banheiro. Era Amelinha que chorava sem parar e a arrastou pela mão outra vez para dentro.

Abraçou Maria com todas as suas forças e chorou sobre o seu ombro. Não dizia palavra alguma só chorava e soluçava. Maria perguntou com voz trêmula o que tinha passado e Amelinha, angustiada, disse-lhe ainda entre soluços:

«João, me deu um beijo, e disse-me que seria o último, pois já não gosta mais de mim e que está apaixonado por outra pessoa. E ainda por cima, teve a coragem de me dizer por quem é que ele estava apaixonado...»

«Não me diga, Amelinha... que coisa horrível... E por quem é que ele se apaixonou?...»

«Por você Maria... Por você!!!».

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Os dilemas de Manuel (1)

«Eugênia, eu estive a pensar outro dia...», balbuciou Manuel com ar muito triste.

«Você não acha que devíamos mudar de casa? Eu já não me sinto bem aqui nesta casa, nem neste bairro, nem mesmo nesta cidade... Sinto-me muito infeliz», continuou ele.

Eugênia era uma mulher muito paciente e resignada. Não se preocupava muito com os problemas do dia a dia. Ía-os resolvendo a medida do possível, e independente de viver com o Manuel, ela levava uma vida mais leve que a dele. Não introspectava nada com muita seriedade e deixava que as coisas fluíssem normalmente. O que ela podia resolver, resolvia. O que não podia, deixava que outra pessoa resolvesse, ou pedia a Deus que ajudasse e esperava que Ele mesmo resolvesse, se ela sentisse que não tinha capacidades.

Manuel continuava a falar, sempre olhando para suas próprias mãos a esfregarem-se uma na outra. « Queria ir para uma cidade maior, onde os problemas se dissipassem e que ninguém soubesse das nossas vidas..»

«Para que Manuel», perguntou ela, «Mudar-se para entrar no anonimato, é esta a razão da sua vontade? Tens que arranjar uma desculpa melhor. Tens que perguntar a ti mesmo o que deseja fazer na cidade realmente. Só e somente só, perguntar a ti o que você deseja da sua vida. E não ficar se lamentando que aqui ninguém gosta de ti, e que aqui ninguém te dá oportunidades, que aqui as pessoas são isso ou aquilo... porque se você não tem sorte, é porque não acredita nela meu querido.»

«Mas..», disse Manuel, tentando recuperar o folego que ela perdera para argumentar.

«Mas nada Manuel, o que você pensa que eu sinto em relação a esta terra? Não acha que também me sinto esquecida por esta gente e que vejo que ninguém me leva em consideração sequer como pessoa?, mas não é por isso que deixo de sonhar meu amor, não é por isso que deixo de querer estar contigo, de querer fazer coisas que me dão prazer e etcetera... Não podemos deixar coisa alguma conduzir a nossa vida para um buraco. Porque se você deixa, quem te olhará de frente é "o próprio buraco" e a actração é fatal!», interrompeu Eugênia com sua força interior, um bocado farta de ver e ouvir o Manuel em viagens depressivas.

«Eu te adoro. Mesmo quando entras nesta fase de mergulho interior. Confesso que morro de saudades tuas quando te vejo assim, a caminho do seu abismo. Mas te amo tanto, que não me importo de esperar que você finalmente retorne. Quero que saibas, que apesar de estar falando de uma forma figurada, te juro, pelo amor que te tenho, que mesmo cansada de esperar, jamais perderei as forças de te rever outra vez recuperado. E não importa quantas vezes você mergulhe. Eu estarei sempre a sua espera.». Continuou, ela.

Manuel a ouvia e Eugênia sem parar de olhar nos seus olhos, concluíra: «Mas também não esqueça Manuel que eu sou tão humana como você, e preciso de carinho, atenção e respeito. Portanto, enquanto você vai e vem no seu estado de depressão, podes estar perdendo alguma coisa importante que ainda possuis...»
Ele não lhe deixou terminar. Colocando cada uma de suas mãos no joelho, levantou-se apressadamente e abraçou-a sem dizer uma palavra.

terça-feira, 22 de maio de 2007

À procura da "minha" luz

E eis que lá no infinito surge uma luz que anuncia a chegada dos meus desejos. Olho bem de frente, abro os olhos bem abertos e cerro miudinho para diminuir o excesso de luz... Coloco uma mão aberta por cima dos olhos para utilizar a sua sombra, enquanto miro bem "a chegada dos meus desejos". Mas parece que vem tão devagarinho... Olho para trás, procuro um lugar para sentar, enquanto espero. Não faço mais nada até que a luz se aproxime. Olho outra vez para frente e parece que ela diminuiu de tamanho. Dou alguns passos em frente, mas com muito medo. A luz cresce e parece que se aproxima. Paro outra vez.
Ao meu lado percebo que mais pessoas estão a olhar a mesma luz. Mas como se ela é minha? Como pode outros estarem a ver a "minha" luz?
E o pior... Tem gente que parece que já deu mais passos em frente que "eu"!
Reconheço que demorei muito tempo a pensar e a ter receio de ver de perto "a luz dos meus desejos, a cor da minha esperança..." E vejo gente que continua a ir insistentemente pelo "meu" caminho... ou serei eu que estou no caminho deles?
Aproveito a minha reflexão e olho o chão em minha volta. Vejo muitas pontas de cigarros, garrafas vazias, uma televisão portátil ainda ligada, jogos da sorte, um banco de jardim, revistas pornográficas, matrículas de Escolas rasgadas, Multas...
O que terei feito com o meu tempo?!! E quando de repente volto a olhar em frente, procuro a minha luz e já não a vejo. Tenho os olhos embaciados com as minhas lágrimas. Sinto-me pior. Sinto-me só... Mas consegui dar mais um passo em frente, e com algum esforço dei mais outro, e outro... já não vejo os objectos que me distraia o tempo.
E lá está a minha luz outra vez, mais perto. Muito mais que no início.
E as pessoas que estavam a minha frente, desapareceram!
Agora somos eu e você, minha esperança.
E sei que vou te alcançar, se não me distrair outra vez!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Agora ou nunca

Uma mulher entra no quarto onde ainda dorme o seu marido e diz: «Partimos hoje mesmo!». O homem, ainda um pouco atordoado pelo sono, pergunta que conversa era aquela de partir. Ela sem lhe responder, começa a tirar roupas de dentro das gavetas e a andar de um lado para o outro, como se não tivesse muito tempo para perder.
«Mulher, descansa. O que está fazendo?...», disse ele.
E ela então olha para o marido e diz:
«Passei quarenta anos da minha vida a trabalhar naquela fábrica. Dediquei toda a minha juventude para tentar estabilizar a minha vida financeira. Perdi as cores brilhantes dos meus cabelos e dos meus olhos. Baxei a cabeça diversas vezes por submissão. Mesmo cansada, ou doente, ocasionalmente ia trabalhar sem que o meu esforço fosse reconhecido. Recebi baixos salários anos após anos, sem nunca reclamar. Perdi a infância dos nossos filhos e estou me arriscando a perder a dos meus netos... CHEGA! Ontem fui dispensada dos meus serviços apenas com um breve elogio do meu trabalho e com um cheque que me idenizava os anos passados naquela fábrica... Cravaram-me uma espada pelas costas marido!»
«Não pode ser», disse o homem, já sentado na cama a olhar o cheque que ela tinha lhe entregue na mão.
«E por este facto, e com este dinheiro, vou realizar os meus sonhos. Vou viajar contigo para o lugar mais interessante que houver ao nosso alcance. Iremos refazer as nossas vidas longe daqui. Recomeçar! Não será tarde, vais ver. E assim, além de não sentirmos pena de nós, construíremos uma nova vida sem olhar para trás. E daremos a alegria de ver chegar os nossos filhos e netos para passar as férias conosco em um lugar diferente para todos!», disse ela, decidida.
«Então e eu? Eu ainda trabalho naquela fábrica!»
«Já não meu querido, já não!», falou ela entregando-lhe o cheque que ele também tinha recebido pelo correio.
...
Entreolharam-se e decidiram... Sem mais palavras.

Pergunta inocente

Estavam duas crianças a conversar...
«Você tem pai?», perguntou uma a outra. «Não...», respondeu a segunda.
(Sem nos perdemos na conversa, fala sempre o primeiro e depois o segundo)
- Então como é que você aprende a ser homem, se não tem pai?
- E o que é que isto tem a ver?
- Sei lá, mas acho que se fores usar só o exemplo da sua mãe, podes agir como uma mulher...
- Mas, se eu nasci para ser homem, não preciso de outro homem para me ensinar nada...
- Mas querias ter um pai?
- Já tive.
- E onde ele está?
- No céu.
- Ah... E estás triste?
- Só quando lembro dele. Gostava quando jogava bola comigo. E pensando bem, ele me ensinou muitas coisas antes de morrer... a estudar, a fazer amigos, a não maltratar os gatos e os cahorros, a não falar com a bôca cheia, a não arrotar na mesa... e outras coisas que agora não me lembro.
- E tens saudades dele?
- Só quando me lembro, já disse.
- E lembras muitas vezes?
- Lembro. Mas tenho a minha mãe que também me ensina muita coisa. E você, onde está o seu pai?
- Não sei. Nunca o conheci!

sábado, 19 de maio de 2007

Uma família de passarinhos

Haviam 3 passarinhos no ninho. Estavam todos com fome e a espera da mãe chegar com alimento. O ninho não era muito grande e os gravetos que os pais tinham encontrado para construí-lo não eram muito maleáveis e por causa da pressa, também não ficou muito bem feito. Infelizmente depois que tinham acabado de fazer o primeiro ninho, um miúdo o destruíu todo com uma vara tão comprida que alcançou o telhado. O casal ficou apavorado pois já devia estar muito próximo do dia em que a mãe passarinho iria pôr os ovos.
Entretanto, sem parar para pensar, os dois apenas se entreolharam depois de verem melancolicamente o ninho espalhado no chão e voaram a toda velocidade para os quatro cantos do campo para recomeçar outro, antes que o prejuízo fosse maior.
A mãe passarinho já não tinha tantas forças a despender pois estava um pouco mais pesada. Ele disse-lhe com ternura, «descansa meu amor, deixe que eu mesmo acabo de construir a nossa casa e o berço dos nossos filhos». E como já tinha um lado confortável para ela estar pelo menos parada, ele, dia após dia, trouxe os gravetos mais oportunos que pode encontrar, sem se dar conta que não eram os adequados.
Mas ao final de todo esforço, a mãe-passarinho já estava a dar a luz ao seu primeiro ovinho e depois outro e depois outro. Eram trigémeos! Eles não se continham de felicidade. Surpreendentemente ele virou as costas para ela e tirou por debaixo do gravetos tortos um pequenino presente. Uma suculenta minhoquinha para lhe dar coragem.
Viveram ali na sua casinha torta tanto tempo necessário para alimentá-los e criá-los. Mas inoportunamente um dia, o mesmo miúdo atingiu a mãe passarinho com uma pedra. E ela não voltou mais para casa.
O pai passarinho entrou em depressão e morreu de tanta tristeza.
E os trigémeos após reconhecerem a ausência de seus progenitores, descobriram que já podiam voar e procurar seus próprios alimentos, pois se encontravam fortes e saudáveis.
Agora eles já são pássaros adultos e cada um tem a sua família, suas adversidades e contratempos. Aprendem uns com os outros sobre os perigos da vida e passam a sabedoria para todas as gerações.
«VIDA é existência recheada de pormenores com lições, por vezes difíceis, para nos fazer poderosos!»

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Momentos

Um dia um homem pensou em se matar. Pensou em procurar um amigo, mas não o fez. Pensou em fazer uma viagem para arejar as idéias, mas não o fez. Pensou em procurar um médico, mas não o fez. Pensou em muitas formas de não dar cabo de sua vida, porque não encontrava solução para ela, mas nada do que imaginava dava realmente certo.
Arquitectou a sua retirada desta realidade em que vivia e seguiu em direcção a uma ponte pouco trafegada, mas não muito isolada. No fundo ele queria ser salvo por alguém, mas não acreditava que alguém pudesse lhe persuadir as idéias.
Seguiu no seu carro, muito devagar até o local pretendido. Quando entrou na parte recta da estrada, acelerou de forma que chegasse ao máximo de perigo. E quando já havia atingido os 130 kms/h, viu um vulto passar pela estrada e ele travou quase bruscamente. Derrapou de um lado para o outro, sem colocar os pés no travão, mas deixando apenas de acelerar para controlar o carro. Quando estava outra vez na estrada, e já com 40 Kms/h, uma mulher atravessou a estrada a pé e de olhos fechados. O homem assustou-se e travou antes de lhe tocar no corpo. Ficou paralisado a olhar a mulher que continuava parada em frente ao seu carro, ainda com os olhos fechados.
Ele saiu do carro e perguntou à senhora se ela estava bem e ela perguntou, «estou morta?». Ele ficou muito espantado e disse-lhe que não, «você está viva minha senhora. O meu carro nem chegou a tocá-la». Então ela abriu os olhos lentamente e ele pode ver que seus lindos olhos azuis ainda estavam húmidos e vermelhos de tanto chorar...
Após uns segundos de silêncio, ela disse-lhe que queria morrer por não ter ninguém na vida que lhe sentisse a falta. E ele disse-lhe então...
«Se a senhora morresse agora, eu jamais iria esquecer o que fiz e jamais me perdoaria por ter morto este olhar...»
Ele pegou nas suas mãos e perguntou se ela queria seguir vivendo com ele, pois eles tinham muito o que falar um para o outro. E como um pequeno milagre, ambos deixaram escapar um largo sorriso enquanto os seus corações batiam fortemente.
Ela aceitou!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Uma história simples

Mais uma vez me transporto da cadeira de onde estou sentada, e vejo a minha alma sobrevoar os jardins que se encontram próximo a minha varanda do segundo andar.
Deixo-me levar, e de olhos abertos sinto que me aproximo de um senhor com muita idade, que tranquilamente lê o seu jornal.
Fiquei ali sentada ao seu lado com esperanças de que ele notasse a minha presença, mas não notou. Eu como essência do meu corpo consegui saber telepaticamente dos seus sentimentos. Ele era viúvo e sentia saudades de sua falecida esposa. Tinha dois filhos, mas infelizmente um não lhe falava. E por conseguinte, ele tinha o jornal nas mãos e não sabia ler. Sentia-se triste por ver tantas fotografias que no seu entender não pareciam boas noticias.
E de repente, quando quase lhe caía uma lágrima no canto dos olhos, chegou um senhor da mesma idade que ele e sentou-se ao seu lado. Perguntou-lhe se haviam novidades no jornal. Ele por um minuto pensou em mentir e tentar inventar uma notícia qualquer, mas não o fez. Olhou para o homem e disse «Eu não sei ler meu amigo!» e o homem riu-se e disse «Eu também não, amigo!». Ambos riram muito e começaram a conversar sobre coisas do seu tempo.
Sobrevoei de volta para a minha cadeira satisfeita por ter visto como pode nascer uma amizade a partir de uma simples verdade.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Leitura Mágica

Você se reflete na escolha dos livros que escolhe. Quanto mais leres sobre o amor, mais compreensível te tornas.