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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A vela e eu...

Estava sentada na cadeira da sala e tinha a mesa em minha frente. Escrevia. Durante um longo espaço de tempo fiquei a olhar minha mão a se movimentar em cima do papel branco e virgem, pois não me vinha nada à cabeça...
Levantei, olhei para o papel de longe e deparei-me com ele a brincar com as cortinas da sala.
A cortina levantava com o vento e fazia ondas ao longo de sua extensão, no limite aberto da janela. O papel estava a dançar em cima da mesa, mas não parecia que em momento algum pudesse ir para o chão. Fiquei a admirar os dois movimentos e me lembrei de ir buscar um copo de vinho e uma vela.
Acendi a vela, mas antes, tive que fechar a janela.
A cortina parou seu feliz movimento e o papel deixou de dançar... A vela parecia morta. Estava parada e erguida com uma chama brilhante...
Olhei para o papel e vi a sombra do meu corpo sobre ele.
Eu estava lá... O papel já não era virgem. Refletia a minha imagem.
Abri a janela, a cortina levantou-se, a luz apagou e eu desaparecí como por encanto...
Mas sentei e escrevi!

1 comentário:

No Limite do Oceano disse...

Muito obrigado pelo teu comentário no meu blogue, fiquei francamente com um sorriso estampado na cara, porque o retorno que tenho do que escrevo é reduzido, mas uma vez que escrevo principalmente para mim, é uma enorme satisfação que quando alguém lê o que escrevo dá a sua opinião.
Nunca pensei que o que escrevia poderia ser um livro novo, ou talvez a continuação de um já escrito algures no meio de tantos outros…mas a razão do comentário não é apenas estar a retribuir as tuas palavras porque digamos que o “conto” da vela além de estar muito bonito tem algo que me diz muito. Talvez partilhe o excerto da história que ando a escrever contigo mas de outra forma, não através do um comentário de um blogue.
Ao contrário de ti, em que dizes que abriste a janela e a que luz da vela se apagou deixando o papel em branco (não deixaste vestígios no papel…) no caso a minha personagem (André) ele mata a sua sombra apagando vela a vela que tinha no seu quarto. Talvez este resumo não demonstre a situação em que ele toma uma decisão de madrugada e deixa o seu quarto às escuras, apenas deixando uma leve fragrância no ar.

*Hugs n’ smiles*
Carlos