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quinta-feira, 24 de maio de 2007

O Segredo de Maria

Maria nunca havia tido um caso amoroso. Já tinha 20 anos e não sabia o que era amar alguém. Nunca havia beijado na boca e ainda era virgem. Mas uma coisa ela sabia perfeitamente. O seu coração parecia saltar dentro dela sem encontrar lugar para fugir quando via a Amelinha sair da sua sala de aula. Ela era tão bonita... Tinha uns cabelos longos e dourados que mais parecia um anjo. Seus olhos eram castanhos e fartos como uma árvore frondosa. Tinha as mãos delicadas e quando gesticulava parecia que orientava uma orquestra suavemente.

Maria não sabia porque ao ver Amelinha ficava tão emocionada. Não fazia idéia do que se passava em seu coração. Um dia, quando viu Amelinha no páteo a beijar um colega da Escola, sentiu uma repulsa tão grande do que estava a ver, que pensou que o que lhe tinha dado asco era o facto de ter visto uma boca colada na outra, mas na verdade...

Maria sentiu ciúmes de Amelinha. Sentiu desejo por estar no lugar do rapaz que a beijava. Sentiu vergonha por ter tido um sentimento tão contrário ao que se esperava na sua condição feminina.

Apertou os livros contra o peito e saiu correndo dali, sem que ninguém notasse o que se passava. Maria chorava no banheiro. Sozinha e sem explicações. Chorava e se perguntava o que estava a acontecer com ela. E a resposta veio quando enxugou a última lágrima que lhe caia dos olhos após aqueles minutos de prantos:

Maria descobriu que estava apaixonada por uma outra mulher!

Saiu do banheiro e pensou em ir directo para casa sem comparecer à sala de aula. Tinha que pensar melhor sobre o que lhe estava a passar, quando deu um encontrão com alguém que entrava a correr no mesmo banheiro. Era Amelinha que chorava sem parar e a arrastou pela mão outra vez para dentro.

Abraçou Maria com todas as suas forças e chorou sobre o seu ombro. Não dizia palavra alguma só chorava e soluçava. Maria perguntou com voz trêmula o que tinha passado e Amelinha, angustiada, disse-lhe ainda entre soluços:

«João, me deu um beijo, e disse-me que seria o último, pois já não gosta mais de mim e que está apaixonado por outra pessoa. E ainda por cima, teve a coragem de me dizer por quem é que ele estava apaixonado...»

«Não me diga, Amelinha... que coisa horrível... E por quem é que ele se apaixonou?...»

«Por você Maria... Por você!!!».

4 comentários:

Anónimo disse...

IRONIAS DO DESTINO NÃO!...Éra muito estranho noutros tempos, situações destas, apaixonados pelo mesmo sexo, sempre houve é certo, mas no presente é um caso muito sério!...Mulher com mulher ainda se tolera e aceita até com normalidade, agora homem com homem, não vejo onde nem como...No caso da maria e da amelélia, etá a ver-se que nem uma nem outra ficaram com o tal rapaz!...

Joice Worm disse...

Hum... Digamos que se você encarar as pessoas como almas sem sexo, o caso até deixa de ser sério. E não se releva qualquer tipo de forma de amar. Pense nisto.
No caso de Maria, ela passou a ter um dilema entre continuar a gostar da Amelinha ou passar a corresponder ao João. Se alguém ficou com alguém, só o futuro dirá. Posso continuar a história se quiser...

Anónimo disse...

O CONTINUAR OU NÃO COM A HISTÓRIA, SÓ A TI DIZ RESPEITO..
Como não estou a saber entender as coisas, pouco importa para mim!...

Joice Worm disse...

António,
Quando escreves em letras grandes, sinto que estás nervoso. E o facto de responderes "Só a ti diz respeito" e "pouco importa a mim", dá para perceber claramente o teu desagrado.
Falar deste tipo de tabu, por vezes não é fácil. Depende do entendimento e aceitação de cada um. E quanto mais distante estejas da realidade, mais custará a aceitá-la.
Os tempos mudam, Antonio. E com ele, mudam-se os valores. Mesmo que a moral tente por todos os lados controlar as atitudes, o ser humano tem lívre arbítrio e sabe a partida o que quer. Seu objectivo é claro e seus sentimentos fiéis ao seu coração. Daí segue sem se incomodar com o que pensam os outros.
Se não consegue amar quem gostaria, entra em frustação, reprimi-se e deprecia-se. Jamás conseguirá viver em paz.