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sábado, 13 de outubro de 2007

Capítulo 4 - Alma Gêmea

Alma Gêmea
(Joice Worm)

- Bom, só espero que ele tenha mais alto astral do que você, minha amiga. Senão, terei dois pacientes para curar em minha própria casa.
- A propósito, já pensou onde vai fazer o seu estágio de Psicóloga?
- Com o material que tenho em casa, posso começar por você mesma.
- Não brique com isso Carina. Ainda não estou precisando deitar no divã.
- Toda gente deveria um dia deitar num divã Belinha, toda gente!
- Essa é conversa de profissional. Claro que se todos precisassem vocês ficariam ricos em três tempos.
- Para alguns, esta profissão pode representar dinheiro, mas para mim, acho muito interessante poder tirar com as minhas mãos, uma pessoa do fundo do poço. – Disse Carina, entusiasmada com a idéia.
- Então estou com sorte, mas tenho que me apressar, meu amigo já deve estar quase a chegar..
- Antes podia me fazer um favor Anabela. Não sei se te importarias, mas pode me emprestar o seu manuscrito do famigerado livro que andas a escrever há anos?...
- Já não é um manuscrito. Já passei a computador, mas como imprimi e perdi a disquete que continha o que escrevi, tenho que transcrevê-lo.
- Claro! Agora só por isso levamos mais oito anos.
- Não diga isso, de qualquer forma, vou tentar seguir o seu conselho e prosseguir escrevendo. Mas se quiseres ler, está aqui... Não... – Balbuciou Anabela, procurando os papéis, - Já não sei onde guardei... Aqui! Pronto. Até o clips já está enferrujado. Parece incrível.
- Incrível? Eu cá acredito. Isso serve de prova para ver o tempo que levastes com estas idéias no papel. Posso ler mais uma vez? Já não me recordo das suas idéias.
- Leia à vontade amiga. Se fosse cobrar cada vez que disse que estava a escrevê-lo, já tinha ficado rica.
Anabela saiu a correr para o banheiro para tomar um duche e se pôr bonita para encontrar o amigo. Por enquanto não tinha nada com ele, era apenas um bom amigo. E ela gostava de estar a conversar e ouvir as suas idéias.
- E tire esta roupa roxa!, gritou Carina da sala.
- Não é roxa, é lilás!, retorquiu Anabela.
Carina era uma boa amiga. Parecia sempre preocupada com Anabela, mas por vezes parecia dona da verdade. Só porque estava acabando o curso de Psicologia, já pensava que acertava em todas as suas análises. Mas era muito boa pessoa.
Inesperadamente a campanhia tocou três vezes, e só tinham passado cerca de 8 minutos. Claro que não deu tempo da Anabela se arrumar. E gritou para Carina. – É ele. Pode abrir-me a porta por favor? Diga-lhe que não me demoro. E Carina, curiosissíma, foi abrir a porta para conhecer o dito cujo que fazia a Anabela sair do seu leito de depressão com tanto entusiasmo. Levantou-se e deixou as páginas do “Quem você pensa que é” em cima do sofá. Dirigiu-se lentamente para a porta e através dela, antes mesmo de abrir, ficou parada sem conseguir se mexer. E a campanhia tocou outra vez, mais três vezes.
- Então, não abres?, gritou Anabela do banheiro.

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