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quinta-feira, 14 de junho de 2007

O problema social do Pedro

Pedro não sabia viver em sociedade. Não era um homem que gostasse de ouvir opinião de ninguém. Vivia a sua vida e tinha muitos amigos, ou conhecidos, pois para os amigos que ele considerava, os mesmos não considerava à ele.
Pedro gostava de comer em bons restaurante e por conseguinte procurava apenas aquele que tinha alguma mesa perto da janela. Gostava de olhar o movimento do lado de fora. E não gostava nada de se sentir na mesma situação que outros que estavam ao seu lado, e muito menos perceber que alguém comia algum prato igual ao dele, por este motivo, comia sempre a olhar para a rua, ou o mar, dependendo de onde estivesse.
Mas havia um restaurante que ele gostava mais. Tinha uma mesa especial que estava localizada em uma posição estratégica entre o movimento agitado da cozinha e a paisagem do mar com os barquinhos atracados parecendo que estavam a deriva. Um lado o fazia curioso e bisbilhoteiro e o outro lhe relaxava a alma.
Um belo dia, Pedro entrou no Restaurante e o seu lugar já estava ocupado. Ficou super irritado. Quase furioso. Sentou em outra mesa em frente a esta e ficou a olhar para a pessoa que por acaso era uma mulher.
Pedro, sem pensar que podia incomodar a rapariga, de tanto que ele olhava, não tirou os olhos dela durante toda a noite.
Ela não o olhava de frente, mas de vez em quando, levantava os olhos do livro que estava a ler ao mesmo tempo que comia e reparava que ele a mirava insistentemente.
De repente, Pedro viu que ela tinha pedido a mesma coisa que ele. Ficou enraivecido. Começou a comer sem saborear nada e bebeu um gole do sumo quase se engasgando... não conseguia vencer a sua raiva por tão insolente criatura.
Ela por sua vez, tirou da mala um bloquinho de papel e começou a escrever alguma coisa. Ele continuava a observá-la. Viu que chamou o garçon, pediu a conta, pagou e juntamente com o dinheiro, entregou o que escrevera para ele.
Passou ao lado do Pedro e deu-lhe um olhar carinhoso.
Em seguida, veio o garçon e entregou o papel que ela tinha escrito ao Pedro. No qual dizia:
«Nunca me senti tão amada na minha vida! Obrigada!»

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